Título: Uma carta de amor
Autor(a): Nicholas Sparks
Tradutor(a): Eliana Sabino
Editora: Arqueiro
Edição: 1/2014
Páginas: 288
Theresa Osborne é uma jornalista de 36 anos, que mora em Boston, divorciada a três anos, após descobrir a traição do marido David. Ela mora com seu filho Kevin de 12 anos e acredita que será difícil encontrar outra pessoa que possa amá-la não só ela, mas seu filho também.
De férias com sua chefe e melhor amiga Deanna, Theresa encontra na beira do mar uma garrafa. Na garrafa tinha um papel, aparentemente comum, se não fosse pelo seu conteúdo de extrema exuberância. O papel era de uma carta de amor. A carta mais linda que ela já leu em toda a sua vida. A carta foi escrita por um homem (para seu espanto), Garrett, destinada ao grande amor de sua vida, Catherine.
Uma onda de curiosidade invadiu sua mente. Quem seriam eles? O que aconteceu com Catherine, a moça da carta?
Enfim. Theresa tirou uma semana de férias, pois desde que Kevin nasceu, sua vida tornou-se uma correria.
Suas férias foram rodeadas pelo pensamento na tal carta. Ela decidiu, então, que falaria com Deanna sobre o que havia encontrado. E foi o que fez.
Depois de Deanna ler a carta, aconselhou-a a publicá-la. Segundo ela, uma carta linda dessa não podia ficar escondida!
Apesar de no começar, não gostar muito da ideia, ela acabou publicando em sua coluna.
CARTA 1
22 de Julho de 1997
Minha adorada Catherine,
Sinto a sua falta, querida, como sempre, mas hoje está sendo especialmente difícil porque o oceano tem cantado para mim, e a canção e a canção é a das nossa vida juntos. Quase posso sentir você ao meu lado enquanto escrevo esta carta, assim como o perfume de flores silvestres que sempre me faz lembrar você. Mas neste momento essas coisas não me dão prazer. Suas visitas têm sido menos frequentes, e às vezes acho que grande parte de quem eu sou está aos poucos se afastando para longe.
Mas estou tentando. À noite, sozinho, chamo por você, e sempre que a minha dor parece maior você ainda encontra um meio de voltar para mim. Ontem à noite eu a vi em meus sonhos. Você estava no cais perto de Wrightsville Beach. O vento soprava em seus cabelos e seus olhos refletiam a luz do sol que se punha. Fiquei paralisado ao vê-la debruçada na amurada. "Você está linda", pensei ao avistá-la, uma visão que eu nunca consegui encontrar em mais ninguém. Comecei a andar devagar na sua direção, e quando você enfim se voltou para mim, percebi que outras pessoas também a estavam observando. "Você a conhece?", me perguntavam em sussurros ciumentos, e enquanto você sorria para mim, eu simplesmente disse a verdade: "conheço-a melhor do que a mim mesmo".
Parei quando cheguei até você e a abracei. Estava ansioso por aquele instante, mais do que por qualquer outro. Era para ele que eu vivia, e quando você retribuiu meu abraço me entreguei ao momento, ficando mais uma vez em paz.
Ergui a mão e toquei seu rosto com delicadeza. Você inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos. Minhas mãos estavam ásperas e a sua pele, macia, e por um momento perguntei se você afastaria o rosto, mas é claro que não. Você nunca fez isso, e é em momentos como esse que meu propósito na vida fica claro.
Eu existo para amá-la, para tê-la em mus braços, para protegê-la. Existo para aprender com você e para receber o seu amor em troca. Estou aqui porque não há outro lugar para estar.
Mas então, como sempre, enquanto estávamos abraçados veio a neblina. Uma névoa distante que surgiu do horizonte, e à medida que ela se aproximava percebi que meu temor aumentava. Ela chegou devagar, envolvendo o mundo à nossa volta, cercando-nos como para impedir que escapássemos. Como uma nuvem, ela encobriu todas as coisas, chegando cada vez mais perto, até que nada mais restava além de nós dois.
Senti um nó na garganta e os olhos cheios de lágrimas, porque sabia que era hora de você partir. O olhar que lançou nesse momento me persegue. Senti a sua tristeza e a minha própria solidão, e a dor no meu coração, que por um breve espaço de tempo se manteve silenciosa, ficou mais forte quando você se afastou de mim. E então você abriu os braços e recuou para dentro da névoa, porque lá era o seu lugar e não o meu. Ansiei por isso com você, mas a sua única resposta foi balançar a cabeça, porque nós dois sabíamos que isso era impossível. E o coração partido eu a vi desaparecer aos poucos. Esforcei-me para recordar tudo daquele momento, tudo de você. Mas logo, tão depressa, a sua imagem se desfez e a neblina recuou de volta ao seu lugar distante. Fiquei sozinho na cais, sem me importar com o que as outras pessoas pensavam enquanto arqueava a cabeça e me entregava a um pranto sem fim.
Garrett
Páginas: 21 à 23
Quando sua semana de férias acabou e ela voltou a trabalhar, se surpreendeu com a quantidades de cartas que havia em sua mesa. Todas de pessoas que leram seu artigo sobre a carta. E a surpresa continuou.
Theresa recebeu uma ligação desconhecida. Já faziam dois dias que essa tal pessoa estava tentando falar com ela, mas não conseguia. Ela não tinha mais como fugir, tinha que atender a ligação. Na linha, estava uma mulher que gostaria de mais informações sobre a carta. Quando a mulher começou a dizer coisas que realmente haviam na carta, ela se assustou. Como aquela estranha podia saber tudo aquilo. Foi então que a mulher lhe contou que também tinha uma carta de Garrett à Catherine.
Na mesmo hora Theresa pediu que a mulher lhe enviasse essa tal carta por fax.
Carta 2
6 de Março de 1994
Minha querida Catherine,
Onde está você? Sentado solitário numa casa às escuras, eu me pergunto também: por que fomos forçados anos separar?
Não sei a resposta a essa pergunta, por mais que me esforce para tentar entender. A razão é óbvia, mas minha mente me obriga a descartá-la e a ansiedade me corrói durante o tempo todo em que fico acordado. Estou perdido sem você. Sou todas essas coisas e não sou nada. Esta, minha querida, é a vida sem sua presença. Anseio por você para me ensinar a viver de novo.
tento lembrar o modo como ficávamos ao vento no convés do Happestance. Você se recorda de como trabalhamos juntos nele? Nós nos tornamos uma parte do oceano enquanto o reconstruímos, pois ambos sabíamos que tinha sido o mar que nos unira. Foi em ocasiões como aquelas que compreendi o significado da felicidade verdadeira. À noite velejávamos na água escura e eu contemplava o luar refletindo a sua beleza. Olhava para você com admiração, sabendo no fundo do meu coração que ficaríamos juntos para sempre. Será que é sempre assim quando duas pessoas se amam? Não sei, mas se a minha vida, desde que você foi tirada de mim, serve como exemplo, então acho que sei as respostas. De agora em diante, tenho consciência de que estarei sozinho.
Penso em você, sonho com você, imagino-a quando mais preciso de você. Isto é tudo o que posso fazer, mas para mim não é o suficiente. E nunca será, sei disso. No entanto, o que mais posso fazer? Se você estivesse aqui, iria me dizer, mas até isso me foi roubado. Você sempre conhecia as palavras certas para acalmar a dos que eu sentia. Sempre sabia como fazer que eu me sentisse bem.
Será possível que você saiba como fico sem você? Quando sonho, gosto de pensar que sim. Antes de nos conhecermos, eu andava pela vida sem sentido, sem razão. Sei que de alguma forma cada passo que dei desde o momento aprendi a andar, foi um passo na sua direção. Fomos destinados a ficar juntos.
Mas agora, sozinho em casa, acabei compreendendo que o destino pode ferir alguém, assim como pode abençoá-lo e fico perguntando por que, entre todas as pessoas do mundo que poderia ter amado, tive que me apaixonar por uma que foi levada para longe de mim.
Garrett
Páginas: 47 e 48
Quando ela terminou de ler a segunda carta, a única coisa que ela conseguia pensar era: Onde está você?
Quando ela mostrou a segunda carta a Deanna, esta sugeriu que ela fosse atrás do tal Garrett. Depois de algumas pesquisas ela, em um artigo, ela descobriu mais um pedaço de carta, que apesar de não ter certeza, ela sabia que também pertencia a Garrett.
Carta 3
25 de Setembro de 1995
Querida Catherine,
Passou-se um mês desde que lhe escrevi, mas parece muito mais. A vida agora passa por mim como paisagem do lado de fora da janela de um carro. Respiro, como e durmo como sempre fiz, mas parece que não há um grande propósito na vida que necessite de uma participação ativa da minha parte. Apenas vago por aí, à deriva como as mensagens que lhe escrevo: não sei onde estou indo ou quando chegarei lá.
Nem o trabalho afasta minha dor. Posso mergulhar por prazer ou para ensinar aos outros como se faz, mas quando volto à loja, ela parece vazia sem você. Cuido do estoque e faço as encomendas, como sempre, mas até mesmo agora, sem perceber, eu às vezes olho por cima do ombro e chamo seu nome. Enquanto lhe escrevo isto, pergunto-me quando, ou se, coisas desse tipo vão parar de acontecer.
Sem você em meus braços, sinto um vazio na alma. Esquadrinho as multidões em busca de seu rosto - sei que é impossível encontrá-la, mas não consigo evitar. Minha busca por você é uma procura sem fim destinada ao fracasso. Você e eu tínhamos conversado sobre o que aconteceria se as circunstancias forçassem a nossa separação, mas não posso cumprir a promessa que lhe fiz naquela noite. Sinto muito, minha querida, mais jamais haverá quem a substitua. As palavras que lhe sussurrei foram bobagens, e eu devia ter sabido disso na hora. Você e somente você, sempre foi a única coisa que eu quis, e agora que partiu não tenho desejo de encontrar outra pessoa. "Até que a morte nos separe" foi o que juramos na igreja, e hoje acredito que essas palavras são sempre verdadeiras até que enfim chegue o dia em que também serei levado deste mundo.
Garrett
Páginas:57 e 58
Com algumas pesquisas e alguns telefonemas, foi fácil encontrá-lo. Por isso, no dia seguinte Theresa foi para a cidade de Wilmington.
Garret Blake, de aproximadamente 35 anos, viúvo, era mais atraente do que ela imaginava.
Enquanto ela falava com ele, papo vai, papo vem, ele a convidou para um passeio em seu barco mais tarde.
Catherine, esposa de Garrett, havia sido morta num atropelamento. Desde então, ele nunca havia se sentido assim novamente. Desde Catherine, ele nunca mais se sentira atraído por alguém. Mas algo nela chamava-lhe a atenção.
O passeio que eles fizeram de barco foi bem agradável. Jantaram em alto mar, conversaram bastante e, principalmente, se olharam. Assim como Garrett, algo nele a atraía.
Na hora de ir embora, com medo de não vê-lo mais, ela deixou seu casaco no barco, para que pudesse ter a chance de vê-lo novamente. E funcionou.
Na manha seguinte ela ligou para ele e contou sobre o seu casaco. Ele disse que não o vira, mas que iria procurá-lo no barco e caso o encontrasse, voltaria a entrar em contato. Logo após desligar o telefone, Garrett foi até o barco, onde encontrou o casaco dela caído, embaixo de uma almofada.
Quando Theresa foi buscá-lo na loja de Garrett, eles acabaram saindo para almoçar em um restaurante na beira da praia, onde deram uma caminhada.
Ao voltarem para a sua loja, Garrett convidou-a para jantar em sua casa.
O jantar foi maravilhoso. Eles jantaram a luz de velas, andaram na praia e , enfim, se beijaram.
Estava claro a atração entre eles. E foi por isso que passaram a noite juntos.
O resto das férias de Theresa, ela passou na casa dele. Tudo parecia um sonho, mas como num sonho, sempre chega a hora em que você acorda. Foi o que aconteceu. Chegou a hora dela voltar para Boston.
Eles prometeram tentar continuar juntos, mesmo sabendo que é praticamente impossível. Fariam visitas um ao outro periodicamente até que eles decidissem o que fariam das suas vidas.
No primeiro dia de volta ao serviço, Theresa, ao chegar em sua mesa, depara-se com um lindo buquê de rosas. As flores foram mandadas por Garrett.
Ambos não viam a hora de se encontrar. Eles tinham marcado a viagem dela com Kevin para daqui a quinze dias.
Quando Theresa e Kevin chegaram a Wilmington, ela percebeu que o medo que sentia em relação ao modo como Garrett trataria seu filho era sem cabimento. Eles se deram super bem. Ele ensinou-os a mergulhar, assistiram filmes juntos,velejaram. Pena que tudo acabou tão rápido.
O relacionamento dos dois durou, mas teve seus momentos ruins, principalmente devido a solidão, que cercava ambos.
Eles sabiam que uma hora teriam que conversar. Resolver como ia ficar a situação deles. Quem estaria desposto a sacrificar sua vida para viverem juntos. E a pergunta que os cercava, será se vai dar certo?
Tudo estava indo mais ou menos bem até Garrett decidir que era hora de conversarem. Acertar o que fariam dali em diante.
Para ajudar, enquanto Theresa estava fora, refrescando a cabeça, Garret descobriu sobre as cartas para Catherine escondidas em sua gaveta.
Foi aí, que tudo desandou de vez!